ENTREVISTA COM RUBENS BARRICHELLO



Olá meus amigos (as) da velocidade!

Galera, estava eu mexendo em meus arquivos automobilisticos e foi que encontrei uma relíquia de uma entrevista com o piloto de Fórmula 1, Rubens Barrichello. Nesta época o brasileiro corria pela equipe Jordan na temporada de 1996. Ao conceder a entrevista Barrica não sabia de seu futuro na categoria e mais tarde se mostraria na equipe Stewart na temporada de 1997. Vale a pena, confira:


1º Quando Rubens Barrichello vai deixar de ser uma promessa e entrar para o grupo dos grandes pilotos da Fórmula 1?

Rubinho: Não sei. Estou com 24 anos e tenho muita coisa pela frente. Este ano eu esperava ter chegado ao pódio e até vencer uma corrida. Independentemente de tudo, esta temporada está sendo melhor do que a de 1995. Tenho superado as pressões e já marquei ponto em sete provas.


2º Então, o que falta para você se tornar uma realidade?

Rubinho: Ainda não tive na mão um carro que me desse chance de vitória. Enquanto todas as outras equipes evoluíram, a partir da metade da temporada, a Jordan não cresceu. Hoje tenho outras ambições. Apesar de jovem, não sou mais aquele garoto de dois anos atrás, que ficava feliz por terminar corridas ou marcar alguns pontinhos. Agora eu sonho com vitórias.


3º Você ainda acha que a Jordan se tornará uma equipe grande algum dia?Rubinho: A Jordan passou por dificuldades e chegou a hora de mostrar se vai realmente vingar. Temos um motor de ponta, mas o carro tem problemas de aerodinâmica, o que só foi detectado recentemente. Isso não poderia acontecer, pois o defeito foi achado dentro do túnel de vento, onde os engenheiros trabalham durante quatros anos com o projeto.

4º Mas a equipe tem outros problemas, não?

Rubinho: Há um problema sério de organização. A saída do Gary Anderson piorou tudo para mim. Ele era o meu braço-direito, alguém com quem podia conversar e dali saíram as ideias novas para o carro. Perdemos um líder e ganhamos um Hitler (referindo-se à contratação do team manager trevor Foster). Além de perder em resultados, perdemos também na amizade e o ambiente piorou muito. Isso foi péssimo para toda a equipe.

5º Você acredita que ainda pode ser o piloto dos sonhos da torcida?

Rubinho: Querer ser igual ao Ayrton Senna atrapalhou muito a minha carreira em 1995. Eu queria receber o carinho que a torcida dedicava ao Ayrton. Ao mesmo tempo, o público queria de mim as vitórias que ele conquistava. Foi (e continua sendo) impossível fazer isso, pois o carro não me dá oportunidade. A maior parte das pessoas sabe disso, mas é normal que haja uma certa impaciência, pois o Brasil sempre teve pilotos campeões nos últimos anos.


6º Você recusou uma proposta para correr na McLaren há dois anos. Não teria sido a grande oportunidade de sua carreira?

Rubinho: Não. O que Ron Dennis queria era me transformart em piloto de testes, algo que não passava pela minha cabeça. Também acertei ao não ir para a Ferrari, no ano passado, nas condições que eles queriam. Veja o Eddie Irvine, que, além de nunca participar de testes, ainda pega o segundo equipamento o tempo todo. Entre fazer isso e fica na Jordan, preferi ficar onde estou e não me arrependo de nada.

7º Então você lamenta nenhuma das chances que perdeu?

Rubinho: Para dizer a verdade, tive uma infelicidade no começo desta temporada, quando meu nome era o primeiro da lista da Benetton e a negociação acabou não dando certo porque Gerhard Berger aceitou ganhar menos do que recebia na Ferrari. Se tivesse acertado com a Benetton, tenho certeza que minha carreira teria decolado.


8º O que o fez perder a agressividade, uma de suas características no começo de sua carreira?

Rubinho: Não perdi a agressividade. Ao contrário, me considero mais agressivo hoje. Quem não tem equipamento confiavel, como é o meu caso, tem de ser agressivo, tem de ser agressivo o tempo todo.


9º Não dá um certo desânimo trabalhar tanto para ficar disputando posições intermediárias nos Grandes Prêmios?

Rubinho: Claro que sim. Mas o desânimo me fez trabalhar mais. Se parar, a coisa só vai piorar. Às vezes a gente faz de tudo e o carro não melhora nada, justamente porque tem problemas estruturais. É o que acontece na Jordan.


10º Bernie Ecclestone, o presidente da Associação dos Contrutores (Foca), disse que você não tem mais chances de ser um grande campeão. O que acha disso?

Rubinho: Nem penso em responder a ele, pois no mundo da Fórmula 1 existe muita politicagem. Para ele é mais fácil tentar trazer meu grande amigo Gil de Ferran, da Indy, para fazer burburinho. Isso me deixou meio esquecido nesse tempo. Bastou eu dizer que pensava em ir para a Indy que eles passaram a me bajular. Assim é a F-1, um jogo de interesses.


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